Nestas últimas semanas aprendi tanto, que seria no mínimo enfadonho, falar das minhas descobertas e conquistas. Ainda assim, não resisto em partilhar parte desta experiência única.
Abracei esta causa apenas porque sou mãe, tão-somente porque me interessei em conhecer o projecto escolar que estava a “mexer” com os meus filhos. Hoje estou rendida, confesso, transformei-me numa espécie de arauto CATS, numa versão chata que já ninguém aguenta.
Em casa o “piriri” da flauta conta centenas de vezes ao dia a eloquente história de Grizabella; os meus filhos deixaram de andar, agora dançam, já não falam, cantam; já não pedem beijinhos, optaram por “ronronar”. Nos últimos dias, o único programa que existe na televisão é aquela série repetitiva que tem como argumento felinos geniais e especiais, geniais, especiais, especiais e geniais…
No trabalho, o telefone toca dezenas de vezes ao dia e já me senti tentada a optar por um:
«Cats, bom dia!» ou «Cats boa tarde!»...
Mas todo este desvario tem uma justificação maior. Neste caso o fim justifica os meios, mesmo que pouco ortodoxos. Dezenas de crianças estão empenhadas em dar um pouco de si a outros meninos que realmente precisam de apoio, de atenção, de cuidados e de mimos.
O cancro mata, mata crianças, uma constatação que me corrói, que me aterroriza.
Também para exorcizar o (meu) mais tenebroso fantasma: aqui estou, de alma e coração, a apoiar esta causa dedicada, inteiramente, aos dezenas… centenas de crianças que passam pela ala pediátrica do Instituto Português de Oncologia, mas também, às mães e aos pais que sofrem e que tentam atenuar uma dor imensa com uma sobredosagem de esperança.
Quero aqui prestar a minha homenagem a Isabel Botelho, a mãe que perdeu a linda Inês, mas que, ainda assim, consegue encontrar força e coragem para realizar os sonhos de outros meninos que, doentes, ainda mantêm intacta essa capacidade de acreditar que o cancro não os vai vencer. Convido-vos a visitar a Associação Inês Botelho em www.associacaoinesbotelho.pt.
Nesta últimas semanas enviando “meia-dúzia” de e-mails confirmei que os portugueses têm, de facto, um coração enorme, que ainda se comovem, que não se deixaram minar pelo egoísmo, que estão dispostos a dar um pouco de si aos outros.
Às centenas de pessoas que me contactaram durante estes dias muito obrigado pelo apoio, pelos donativos, pelas ofertas várias, mas sobretudo pelas palavras de incentivo, que sabem tão bem, que me aconchegam, que me fazem sentir ressarcida dos prejuízos do dia a dia!
Tenho “pedinchado” muito, mas nem por isso me sinto carente. Hoje sou muito mais rica!
A professora Ana Rita Abraão e as “companheiras de luta”, Joana e Sofia, são pessoas extraordinárias, todas diferentes, mas exemplos impares de abnegação e entrega. Muito obrigado, pela amizade, pelas “palmadinhas nas costas”, pelos «parabéns», pelos «boa!», pelos «conseguimos», sinais claros de que a campanha CATS é sem dúvida sinónimo de SOLIDARIEDADE.
Faltam pouco menos de dois meses para o grande dia, receio que algo possa correr menos bem no evento de dia 21 de Junho, ainda assim acredito que o enorme talento dos alunos que abraçaram a causa, apenas servirá confirmar sucesso deste projecto idealizado, desenhado e concretizado pela Ana Rita.
Nestas últimas semanas aprendi muito… tanto que, hoje, estou consciente que tenho ainda muito a aprender… com os meus filhos, com as minhas novas amigas, com os outros pais, com os professores, com as centenas de pessoas que abraçaram esta causa, com os meninos da ala pediátrica do IPO!
Sofia Ribeiro